Jovens do Projeto Arrastão se unem para produzir programa focado nos Direitos da Criança e Adolescente; gravações já começaram a ser feitas

Terminal Campo Limpo. Dia de semana. Entre o vai e vem de pés apressados, que andam aqui e ali atrás de trabalho, ou lutando contra o relógio para chegar a tempo naquele em que se já está, homens e mulheres, de todas as idades, de várias cores, param. Por alguns segundos, minutos, dão descanso ao ritmo para falar. O olhar pode até continuar correndo, acompanhando o ônibus, ou o painel que anuncia as próximas partidas em direção ao centro de São Paulo, mas o corpo físico, ao menos, se aquietou por alguns instantes. Pouco a pouco, percebe-se, esses homens e mulheres vão se conectando a um grupo de jovens, com caras de boas perguntas, que está em frente ao terminal de ônibus. No dia em que nasceu essa matéria eram seis deles, sendo metade do grupo do Centro para Criança e Adolescente – CCA, do Projeto Arrastão

Essa galera de câmera na mão e algumas ideias na cabeça se reuniu para enfrentar um desafio maior que eles. Literalmente. Produzir até o fim desse ano, que está logo ali, um programa de televisão que tenha como tema o Estatuto da Criança e Adolescente – ECA. Muito se fala sobre o tal ECA, mas poucos sabem, de verdade, qual a sua função e sua real força dentro do sistema de garantias dos direitos dessa turma. No Campo Limpo, por exemplo, segundo dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), mais da metade da população, 50,3%, tem entre 0 e 21 anos de idade. Ou seja, fazem parte diretamente do público interessado na manutenção do ECA como ferramenta de proteção ao público infanto-juvenil.

Conta Tiago Luiz, educador do Projeto Arrastão, e um dos sonhadores do programa especial, que a idéia é colocar essa turma para sair por aí, comunidade afora, conversando sobre o ECA e, com esse material, roteirizar algo que, hoje, não existe, um programa de televisão que fale único e exclusivamente sobre o estatuto. Para isso, conta Tiago, além de perguntar aos moradores, como no caso das entrevistas feitas em frente ao Terminal Campo Limpo, se conhecem o ECA, se recorrem a ele em momentos necessários, os jovens e adolescentes do Projeto Arrastão também irão pensar outros formatos de conteúdos educativos que tratem do tema, para integrar esse programa especial. "Estamos pensando se não podemos trabalhar, através do teatro, por exemplo, uma ou outra situação em que alguma artigo do ECA não foi respeitado. é uma forma lúdica de ensinar, de formar as pessoas também", conta o educador.

Por aqui, direitos e deveres sendo discutidos não é uma novidade. Pelo contrário. O Estatuto da Criança e do Adolescente, vira e mexe, recebe atenção e atividades especiais no Projeto Arrastão. Prova disso são os jovens que representam a organização em fóruns e espaços de discussão sobre o tema, além de, recentemente, termos sido finalistas do Concurso Causos do ECA, justamente contando a história de um ex-aluno daqui que trilhou sua carreira a partir do estatuto.

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