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Qual seu nome mesmo?

20/04/2012

Como no Batismo, crianças da Educação Infantil vivenciam cerimônia em que recebem seu nome; iniciativa faz parte de um amplo trabalho pedagógico de letramento.

Todo mundo tem um nome. Até Mariana, do conto "A Menina Sem Nome", de Carolina Antunes, tem um nome. A única diferença é que um passarinho, certa manhã, tratou de levá-lo janela afora e nunca mais foi visto. Nem o passarinho, nem o nome de Mariana. Mas que ela tem, tem. E aqui no Projeto Arrastão o que não faltam são nomes. Somente na Educação Infantil são 264 "diferentes". De todo tipo, tamanho, força. E de lá, da Educação Infantil, que vem a notícia de hoje.

Com participação de educadores, coordenação e do doutor em linguística Elié Bajard, aconteceu nessa semana um evento diferente e fascinante: a entrega dos nomes das crianças. Sim, eles ganharam esse presente. Mas talvez não da forma que está imaginando. O que aconteceu essa semana foi outra coisa: a cerimônia do nome, como conta a coordenadora pedagógica Márcia Elias. "A criança já vem do seu núcleo familiar com o conhecimento sonoro do seu nome. A entrega do crachá é um momento precioso, pois a criança receberá seu nome gráfico juntamente com a imagem, uma foto sua", conta Márcia.

Elié, que já faz há algum tempo, um trabalho de formação pedagógica com as educadoras do Projeto Arrastão, tendo essa ação da cerimônia do nome como um de seus resultados, é quem complementa a explicação. "Elas sempre ouviram de seus pais, seus tios, de seu círculo familiar, um som que corresponde ao seu nome, e ao qual ela sempre respondeu . O nome que a gente recebe tem muito a ver com a nossa personalidade. Geralmente é escolhido pela família inteira e traz muito significado desse momento ", conta Elié.

A cerimônia é parecida com qualquer outra. E cheia de significados. Esse momento é de extrema importância para construção do conhecimento da criança. "Como no batismo ela recebe o nome sonoro, aqui no Projeto Arrastão ela recebe a forma visual de seu nome, associada a uma fotografia dela. Após usar por diversas vezes o crachá ela irá, pouco a pouco, não apenas a se reconhecer através da foto, mas passar a relacionar a sua identidade à ortografia tirada desse crachá. Esse reconhecimento chamamos de icônico.", explica Elie.

A partir de um momento, as crianças da Educação Infantil recebem seu nome escrito em um crachá. Lá estão, além do nome, uma foto da criança. Essa identificação passa a fazer parte de uma série de momentos dentro da sala de aula, de modo que a criança passe a assimilar gradativamente seu conteúdo. E sempre se lembrar dele. E de seu nome escrito, outra forma de ser reconhecida. "A criança descobre por meio de seus olhos outra maneira de ser apresentada a ela mesma e ao mundo. Ela sempre ouviu seu nome, mas a partir de um momento ela passa a se reconhecer, também, partir de um sinal gráfico. Por isso, desenhamos junto com as educadoras um trabalho especial desde os primeiros dias de aula que estimula esse reconhecimento gráfico do nome. Essa etapa se encerra com a Cerimônia do Crachá", conta Elie. E foi isso que aconteceu essa semana.

Mas o trabalho não acaba aí. Pelo contrário. Com o crachá materializado e já com as crianças, abre-se uma série de possibilidades pedagógicas para os educadores, explica Elie Bajard. "O nome como imagem nos dá a possibilidade de recortá-lo em diversos pedaços e transferir à criança a possibilidade de reconstrução dessa imagem. A criança pode começar a descobrir, aqui, que seu nome é composto por letras, cada uma com uma função e som. E que elas podem ser separadas por sílabas. E assim elas estão aprendendo. Quando descobrem que as letras provocam um sentido diferente quando substitui outra. Esse é o nosso objetivo com as crianças."

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