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De Conto em Conto até o Ponto final

18/04/2012

Turmas da alfabetização de adultos aprendem ao revisitar raízes culturais; literatura de cordel é uma das estratégias de aprendizagem.

No Projeto Arrastão não são apenas crianças e centenas de sorrisos. São centenas de sorrisos e muitas pessoas. Rostos de todas as cores e jeitos. No melhor exercício de que a vontade de aprender nunca tem hora, nem idade, nem ao menos lugar, abrimos nossos espaços educativos para que a comunidade possa cada vez mais aprender uns com os outros. Por isso, oferecemos no período noturno aulas do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos – MOVA, voltadas para aquela galera que sabe que o aprender nunca termina.

E não há caminho mais inspirador para a aprendizagem do que considerar o próprio educando, e sua comunidade, como espaços de construção do conhecimento. Por isso, o trabalho com a alfabetização de adultos considera o repertório cultural e social já existente como ponto de partida para as aulas. Por muitos serem da região nordeste do Brasil, elementos culturais como a música e literatura de cordel, por exemplo, sempre se fazem muito presentes entre as memórias dos participantes. E essa foi a estratégia encontrada por Neide Oliveira, Coordenadora do MOVA, para criar um momento especial com as turmas.

Dando continuidade ao trabalho já feito em sala de aula com as turmas de 1ª a 4ª série, Neide convidou os alunos do MOVA para realizarem um delicioso sarau inspirado na cultura nordestina. Entre poemas, poesias, contos e causos, conta a educadora, teve gente que até quis ir além, trazendo a música como elemento de expressão. "Convidamos todos os alunos a irem para a biblioteca, mas para levarem o que os fizessem felizes. Daí três senhoras optaram em cantar Asa Branca, de Luiz Gonzaga, "o rei do baião". Achei fantástico, pois vale destacar que em 2012 comemora-se o centenário de seu nascimento", revela Neide, que explica que o sarau já é um resultado do trabalho que é feito em sala. "O sarau na Biblioteca é um meio de extensão da sala de aula onde os educandos podem manusear livros de poesias, compartilhar as leituras, momento de exposição de si para o outro, o que está aprendendo a ler lê junto com aquele que está fazendo uma leitura mais fluente. Trata-se de momentos de alegria, o prazer da leitura e apreciação do acervo da Biblioteca Arrastão, que tem muitos títulos maravilhosos".

Para Neide, quando as pessoas se reconectam com suas origens e raízes, o educador passa a ter mais elementos com os quais possa trabalhar a aprendizagem em sala de aula. "Foi pensada em trazer autores como o grande poeta popular da literatura de cordel", o cearense Antônio Gonçalves da Silva mais conhecido como Patativa do Assaré. Esta forma é um meio de trazer à tona a memória afetiva dos educandos que migraram para São Paulo em busca de oportunidades e acabam perdendo as suas raízes culturais. "Antes apenas ouviam, aos poucos, foram perdendo a timidez e a vergonha de falar e após a leitura se manifestam espontaneamente e interagem tornando o ambiente prazeroso", diz a entusiasmada e apaixonada Neide, uma fã assumida da cultura nordestina, que encerra contando que é no detalhe e na literatura que está a forma mais inspiradora e poderosa do ato de aprender.

"A literatura propicia o despertar e a sensibilidade em coisas simples da nossa vida diária e o poeta Carlos Drummond de Andrade escreve de forma magistral, portanto, as aulas do MOVA além de manterem vivas o espírito coletivo da educação pelo pensador e filósofo Paulo Freire, os jovens e adultos desenvolvem o senso crítico, a cidadania participativa e à reflexão a partir de textos de autores consagrados da literatura brasileiras e autores contemporâneos nas esferas cultural e social".

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