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Segundo Meus Olhos

14/11/2011

Jovens do Arte Além dos Muros fazem releitura de trabalhos da Bienal; atividade faz parte de uma preparação para visita da turma à exposição

Desde o começo de setembro eles não fazem outra coisa a não ser pintar o sete. Literalmente. Apaixonados por pinturas, esculturas, instalações, outros pela novidade de uma linguagem tão singular, a turma do Arte Além dos Muros, curso do Projeto Arrastão com o apoio do Fundo Municipal da Criança e Adolescente - Fumcad - está tornando muitos olhos muito bem treinados para enxergar o universo artístico de outra forma. Ao mesmo tempo em que estão aprendendo, lendo, vivenciando novas experiências artísticas durante as aulas, esses jovens também estão passando a resignificar uma série de conceitos e aprendizados que, até hoje, era padrões estabelecidos do que é arte e, principalmente, o que diferencia uma "boa arte" de uma "arte ruim".

Mas, afinal, qual é a função da tal arte? Ninguém melhor pra tirar essa duvida do que alguém que está navegando por esse mar há algumas semanas. E apaixonada por ele. Quem conta é Karoline Souza, 18, participante do curso. "Eu amo a arte. Ela faz uma coisa que nenhuma outra atividade faz; ajuda a abrir a nossa mente, nos ajuda a analisar criticamente as coisas ao nosso redor. Quanto mais se vê, mais se aprende".

Ponto para a Karoline. E para Pablo Picasso. Dizia o espanhol que a arte é a mentira que permite conhecer a verdade. Do mundo fantasioso, irreal e, muitas vezes, exagerado em força e cor da dessa "mentira", muitos questionamentos vieram à tona durante a História. Na cabeça desses 60 jovens a História é agora, é aqui. Na cabeça dessa turma, entender que a arte não é, apenas, a clássica, aquela retratada nos antigos livros especializados, mas que acontece na rua deles, que pode ser feita por seus amigos, e por eles próprios, é tornar a própria arte a criadora de novos pensamentos, de novas formas de se manifestar. E de pensar a própria...arte. "O curso está me ajudando muito a pensar a produção artística com outra cabeça. Eu vi que podemos utilizar vários materiais, reutilizar outros e sair produtos muito interessantes. Isso me ajudou muito na compreensão do que é arte contemporânea", continua Karoline.

A arte educadora Ana Helena Santana usou obras expostas na Bienal para preparar a turma do Arte Além dos Muros para uma visita à própria Bienal. Conta Ana Helena que, a partir de uma série de materiais pedagógicos doados pela fundação, frutos de uma nova estratégia de formação de público adotado esse ano, os jovens receberam algumas tarefas, que culminaram na produção de obras pelas turmas, espécie de releituras, dos trabalhos que estão no espaço cultural mais conhecido de São Paulo. Com fichas, e a história dos artistas em mãos, educadora e jovens mergulharam em suas biografias, e nos motivos de suas obras. O produto final, diz Ana Helena, não é necessariamente o que nasceu a partir desse exercício. "Essa atividade é o último estágio de um trabalho bem maior. O que a gente queria era preparar os meninos para visitar a Bienal. Ajudá-los a não chegarem lá crus, sem repertório para a visita. Depois de terem visto, lido, e criado obras em cima das existentes lá, eles estão preparados para isso", conta.

Yara Melo de Oliveira, 16, parece ter aprovado essa forma de "preparação" para a visita. "Eu gostei muito da atividade. Exercitei muito o meu lado criativo. Eu, com o meu grupo, fizemos uma pesquisa sobre o artista que a gente pegou. Depois que soubemos mais sobre ele, tivemos mais informação, aí foi a vez de irmos para a prática e construir alguma coisa com aquele monte de informação. Para refazer o rosto do artista a gente usou as mesmas técnicas que ele; colagem".

"Eu acho que a capacidade da arte é de nos tornar criativos, para pensar nos problemas de várias formas diferentes, independente da área em que você trabalhe". Palavras de Germain Tabor, outro educador do Arte Além dos Muros. Pelo visto, a arte está ficando, também, além dos olhos.

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